quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ao não-conformismo

Nunca fui muito conformista. Sempre que tentei expor minhas idéias absurdas as pessoas simplesmente riam da minha cara. Não são todos que podem se dar à liberdade de questionar as coisas mais simples das quais todos somos escravos todos os dias sem sucumbir ao desespero. Isso mesmo, desespero. Desespero porque são coisas das quais jamais poderemos nos desvincular totalmente. Sem mais rodeios, me refiro ao capitalismo desenfreado. Não só ao capitalismo como economia, mas como estilo de vida. Meu primeiro trabalho foi em uma grande rede farmacêutica, e logo no primeiro dia mal pude me controlar para começar a perguntar o porquê das coisas, mas especificamente das regras. Eu ficava meio pasmo ao ver alguns funcionários defenderem a empresa com unhas e dentes, como se aquilo fosse delas, ou como se a empresa estivesse fazendo um bem à humanidade. Muitos dizem que sou só um playboy que nunca trabalhou e que não sabe o que é ralar na vida. Na verdade estou pouco me importando com a ignorância das pessoas; mas se nunca trabalhei, pelo menos passei muito mais tempo pensando. Talvez inutilmente, mas é que essa revolta diante do mundo sempre me isolou das pessoas "normais". Nunca me contentei em trabalhar dia após dia, acumular dinheiro para ter um carro popular, um cachorro, eposa e filhos. Não condeno quem tenha esta ambição, mas acredito que eu não precise ser um escravo da cultura cristã-machista do meu país. A hipocrisia é meu pior inimigo. E é contra ela que luto diariamente. Eu não me conformava em ter que trabalhar dia após dia, esperando o dia em que pudesse ter uma folga, e pensando quantas pessoas, quantos acionistas de tal epresa estavam enriquecendo com o sacrfício de tantos outros. Eu sei que cada um escolhe o lugar que quer trabalhar (nem sempre), mas o fato é que todos têm que trabalhar cedo ou tarde na vida, e sequer questionam o porquê. Me chame de vagabundo, se seus pais ou sua religião enterraram na sua cabeça que a vida é assim e ninguém muda. Não acredito que eu vá mudar coisa alguma, mas acredito que ainda posso  escolher entre viver e sobreviver. Não me contento com respostas prontas, eu quero saber porquê. Por que eu tenho que atingir a cota de vendas? Por que eu tenho que me casar? Por que eu tenho que acreditar em deus? Porque eu não posso jantar às 3h da manhã? Por que meia dúzia de pessoas escolhem o destino de milhares? Por que eu não posso viver livre sem ter horários? São pensamentos utópicos, eu sei, mas eles fazem de mim uma pessoa mais leve. É isso que eu questiono, a imposição. Poderão dizer: "Você pode virar hippie e viver como um nômade se quiser.", mas cedo ou tarde o sistema vai te reprimir. O ser humano é tão estúpido que não consegue viver em harmonia sem ter algo que dite a ele o que fazer. Isso é histórico. Tenho certeza que 90% das pessoas que lerem isso não lerão até o fim, mas também tenho certeza que algumas se sentirão como me sinto; amarrado e amordaçado. Preciso de um cigarro. Boa noite.